Sou e Não Sou, Fiz e Não Faço



Por Álvaro Perez


Sou poeta, não sou filósofo, não sou esteta, sou de esquerda, meia esquerda, de centro disfarçado, admito-me, em raros momentos, até de direita, jamais niponazifascista, tampouco neoglobalizado.

Não sou crente, nem descrente, muito menos, apostólico romano, sou, apenas, um angustiado ser humano.

Fiz e faço pinturas-poema, desenhadas, hidro colorizadas, proso poemas, dramaturgia, cinema, saudáveis ironias, gozações comigo mesmo, outras coisas mais, etecéteras e tais.

Fiz e não faço mais: amar mulheres sem pescoço e cabeça de bagre, mesmo sendo ou querendo ser belas e, fora de cogitação, transar anã, com receio que, na hora agá, ela me escape por entre minhas canetas, quedando-me, de caralho duro, a ver navios, conforme deveras aconteceu.

Fui amado, desamado, invejoso, invejado, frutifiquei filhos, netos, quiçá bisnetos.

Atualmente, habito-me solitário, em clima semiárido, serrano, levemente temperado.

Nasci em Salvador-BA, fui criado, tal e qual, sem tirar nem pôr, como filhinho de mainha e de papai.

Formei-me em Ciências Jurídicas, com direito aos direitos de Cidadania, como igualmente deveriam merecer o Zé Povinho e João Ninguém; entretanto afirmo, com tristeza e certeza, aos crédulos em estórias A carochinha, que tal fato jamais acontecerá.

Considero-me leitor de deliciosos livros, ouvidor de músicas bem-vindas às minhas ouças, mirador com “zóios esbugaiados” para encantadas pinturas.

Sou amante de Cora Coralina, Quixote, Sancho, o Manco de Lepanto, Miró, Di, Carlos Gomes, Pixinguinha, Bach, Offembach, quiabada e feijoada de feijão mulatinho ou rosinha, à moda baiana.

Sou cabeça feita para pensar, duvidar, analisar, sintetizar, acender, iluminar... e fim de papo.


DEUS GRITOU: FIAT LUX... e a Luz se fez


Por Álvaro Perez


Nos momentos existenciais mais cruciais, o poeta encontra, no seu lado, a SOLIDÃO, com duas caras – apalermada e sábia; tanto a primeira quanto a quem é quem e, ambas, em certos momentos, quedam-se, alegre ou triste, deprê ou eufórica.

O poeta abençoa-a quando ela se apresenta espontaneamente e o ajuda a refletir, pensar, agir, todavia, teme-a sempre que ela se transforma em pesadelo, tal e qual cara medonha de carranca de proa, transformando o saudável em doentio.

O poeta, nos momentos que se atormenta com a solidão, navega sem destino, até abalroar-se em dúvidas insolúveis, naufragando suas ilusões nesse imenso, vasto e profundo inconsciente, mas sobrevive, pelo sim e pelo não.

Assim sendo, vem Hermes, mensageiro do Espírito Santo, trazer Alvorada à Escuridão.

Surge Alba, esplendorosa e bela, a desfazer assombrosas sombras diante da Solidão, iluminando a Travessia “ID” adentro, existência afora.

Enfim, por livre e espontânea vontade, DEUS gritou à Alvorada para se fazer Luz no terceiro DIA da criação